quinta-feira, 12 de julho de 2018

Um conservador pode ser a favor do Estado mínimo?


Olá, JusAmiguinhos. Tenho visto que as redes sociais estão em efervescência e tem uma galera falando de muita coisa sem saber nem do que se trata.

Temos dois ouvidos e dois olhos e apenas uma boca, porque antes de falar precisamos ouvir e ver bastante para não falar besteira.

Muitas posições inclusive são absolutamente contraditórias, como a de uma amiga minha que quer Bolsonaro como presidente e Flávio Dino como governador. Gente, isso é um disparate ideológico imenso e sem o mínimo de coerência.

Eu, particularmente, discordo dos dois e não quero nem o primeiro na Presidência e nem o último no governo, mas respeito quem quer e acho que no mínimo as pessoas precisam ter coerência ideológica ou em vez de um plano de governo armaremos uma guerra política que deixará o país em um desgoverno pior do que o presente.

Mas vamos às explicações...

O que é Estado mínimo?

Estado mínimo é um conceito vindo desde a época do liberalismo que parte da premissa de que o Estado existe porque não tem jeito, mas se é assim, ele deve se restringir ao mínimo possível de interferência na vida dos cidadãos.

Normalmente, quando se fala em Estado mínimo refere-se a questão econômica, ou seja, o Estado não deve intervir na economia ou fazê-lo o mínimo possível (dependendo do grau de liberalismo de quem está falando).

O liberal, o comunista e o conservador...

Quaisquer dessas nomenclaturas podem ser ostentadas com orgulho ou disparadas como xingamento em direção a alguém, mas em minha opinião apenas refletem percepções diferentes da sociedade que manifestam conceitos parcelares de justiça.

Acredito que extremismos dificilmente conseguirão responder de modo efetivo aos problemas e à complexidade social brasileira.

Michael Sandel, professor de Harvard, evidencia que o liberal prioriza a liberdade (o ser humano é livre e o Estado existe para proteger essa liberdade), o comunista a igualdade (os seres humanos devem ser iguais e o Estado existe para promover essa igualdade) e o conservador a virtude (o ser humano deve ser virtuoso e o Estado existe para promover uma sociedade virtuosa).

Liberdade, igualdade e virtude são ruins? Claro que não. Mas até que ponto o Estado pode ir para promovê-las? Aqui entra a pertinência da discussão entre essas percepções.

O que é ser um conservador?

Ser conservador não significa necessariamente ser religioso, porque um sistema de virtudes pode ser filosófico, por exemplo, um ateu pode ser tranquilamente conservador.

A diferença entre os conservadores reside em quais virtudes se deseja conservar e por quais meios.

Um conservador independente de suas convicções religiosas entende que existem coisas "sagradas", isto é, coisas que devem ser preservadas e promovidas, independente daquilo que se considere progresso, ou seja, valores dos quais não se abre mão.

Então é coerente que um conservador defenda o Estado mínimo?

Eu entendo que não e isso porque o Estado é essencial para que se possa promover os valores que o conservador deseja ver implementados na sociedade e isso sem distinção de quais valores sejam esses.

Isso não significa que o conservador não possa desejar e defender um Estado menor, o que não se confunde com o Estado mínimo.

Eu não acredito em um Estado mínimo e nem em auto regulação do mercado, porque onde tudo se vende e onde tudo se pode a liberdade se torna libertinagem e os valores que defendo se perdem.

Ao mesmo tempo, sou contra uma intervenção excessiva do Estado na economia, afinal não é esse seu papel, em meu entender.

Portanto, como conservador que sou, defendo um Estado menor que seja menor e até inexistente onde não interessa e grande onde importa.

Acredito que o foco do Estado deve ser em Seguridade Social, Educação, Segurança e Infraestrutura, ficando o resto para o setor privado cuidar, a partir de balizas legais bem estruturadas para proteger os valores que defendo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário