terça-feira, 10 de julho de 2018

Por que você não se candidata?

JusAmiguinhos, recentemente em um almoço de família fizeram essa pergunta e eu fiquei reflexivo sobre o tema, por isso queria tratar sobre isso aqui.

Não é novidade para ninguém que hoje o Brasil passa por uma de suas mais profundas crises de representatividade.

Todos querem uma saída, mas ninguém quer se dispor a construí-la, afinal todos querem um candidato bom para votar e reclamam dos que estão aí, mas não se propõem a ser eles mesmos os candidatos.

Esse argumento seria válido se virar candidato fosse tão fácil como parece, mas a meu ver o maior problema que me impede de ser candidato hoje é o sistema partidário.

Eu sou incrédulo quanto a ele e isso porque a Constituição desenhou um sistema no qual os partidos são máquinas políticas com ideologias e programas de governo bem definidos que almejam o melhor para o país.

Infelizmente, essa não é a realidade que se nos apresenta, ao contrário, temos verdadeiras facções disfarçadas de partidos cuja única finalidade é assumir o poder para assim terem maior facilidade em dar continuidade a seus esquemas escusos usando dinheiro público.

O pior é que para ser candidato você precisa estar filiado a um partido e claro ser escolhido nas “eleições” internas dele entre os pré-candidatos.

Nesse processo, muitos já ficam com o rabo preso e devendo favores que serão cobrados a posteriori no mandato.

Pior de tudo, quando uma proposta contrária ao interesse dos eleitores se apresenta e o partido fecha questão o parlamentar é obrigado a votar com o partido sob pena de até mesmo perder o mandato, porque se entende que o mandato pertence ao partido e não ao parlamentar.

Em um sistema eleitoral proporcional (que eu sou contra) isso até faz sentido, mas pensar dessa maneira por mais bonito que seja ignora a história do nosso país que é eminentemente personalista.

Em outras palavras, as pessoas ao votar votam na pessoa e não no partido e isso faz todo sentido porque os partidos hoje são fisiologistas e abrem mão de suas ideias e programas pela mera conveniência do momento.

O PMDB, por exemplo, como bem disse uma amiga minha se o Brasil amanhecesse comunista ele estaria no governo, se no dia seguinte fosse uma ditadura militar ele também estaria e por aí vai. Sede de poder antes do compromisso com a Constituição e com o povo.

Logo, eu dificilmente me candidataria via partido, porque não consigo ver hoje nenhum no qual eu acredite.

Se fosse possível a candidatura avulsa, seria bem mais provável, pois eu jamais me propugnaria a ser um representante do povo estando submetido a interesses diversos dos interesses dos meus eleitores.

Inclusive, eu acredito que a candidatura avulsa é o futuro, tendo em vista não só a crise de representatividade, mas também as novas formas de fazer política que têm surgido nesse ambiente de disrupção trazido pelas redes sociais.

Já não se necessita de CNPJ e grandes sedes quando é possível a discussão aberta na grande Ágora virtual e daí eu acredito que ainda sairão representantes muito mais legítimos dos que hoje estão lá.

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