Olá, JusAmiguinhos.
Agora, além do Direito pra quem é de
direito estou dando início a uma nova parte do blog na qual foi contar um pouco das minhas aventuras no dia-a-dia
como advogado.
Já faz um bom tempo que
isso aconteceu, mas hoje vou falar sobre a minha primeira audiência.
Primeira
audiência?
Minha primeira audiência
foi um caso de Revisão de Alimentos, ação na qual o pai ou a mãe da criança que
paga pensão alimentícia tenta reduzir o valor da pensão.
Na verdade, como
estagiário eu já havia feito provavelmente mais de uma centena de audiências,
mas tudo que é novo sempre traz uma emoção.
E como eu nunca estagiei
em escritório de advocacia essa seria a minha primeira vez nessa posição
processual.
Estudando
o caso e preparando argumentos
Encontrei um livro
sensacional chamado de Little Red Book of
Advocacy de Trevor Riley que me
ajudou bastante.
Nunca se deve ir para uma
audiência sem ter preparado uma estratégia e tudo deve ser organizado em um
documento chamado Briefing, no qual
você coloca valores para acordo, mínimo e ideal, os pontos controvertidos, as
provas disponíveis, os argumentos, os dispositivos de lei importantes, as
perguntas e a linha de questionamento e por aí vai.
Com isso em mãos você
consegue ficar bem mais calmo e fazer o seu serviço sem tremer na base.
Eu não fiquei tão nervoso
porque era um caso de Direito de Família, no qual eu tenho experiência e eu
estudara bastante o caso, além do que a audiência era de conciliação.
Antes
de entrar na sala – o cliente nervoso
Se você já foi em uma
Vara de Família sabe que as coisas costumam ficar tensas, porque são muitas
questões emocionais e pessoais.
Quando se mexe com isso,
meus amigos, as coisas ficam à flor da pele e muitas vezes as pessoas deixam de
se comportar racionalmente.
O sistema de justiça não
é instrumento de vingança para ninguém e o advogado não é contratado para
brigar, mas para resolver o problema (às vezes isso exige confronto, mas sempre
deve ser a última opção).
O meu cliente estava
nervoso e ele me avisou logo que poderia dizer o que não devia.
Daí já comecei a ficar
preocupado, mas o orientei no sentido de que ele deveria ficar calmo e deixar
que eu falaria.
Assim, optei por só
deixar ele falar quando fosse estritamente necessário.
Mas o que me realmente
aumentou meu sentimento de antecipação foi ver que a outra parte estava
representada por uma das defensoras com quem trabalhei na época do estágio, ou
seja, era um embate entre aluno e mestre.
Era
conciliação, mas o clima ficou tenso...
As audiências de
conciliação em certas varas parecem um campo de guerra, visto que acontecem
umas três ou quatro de uma vez, o que faz com que o juiz, o assessor, o
promotor e o defensor público fiquem andando de um lado para o outro para
tentar dar conta de todas.
Isso com certeza não
ensinam na faculdade.
Apesar de ser uma audiência
de conciliação o clima ficou tenso porque as partes estavam muito chateadas uma
com a outra e trocaram acusações do começo ao fim.
Geralmente nesses casos o
papel do advogado é amenizar a situação para tentar chegar a um acordo, mas
conciliações processuais estão bem longe das técnicas corretas para resolução
de conflitos.
Tive que adotar uma
posição um pouco mais agressiva, pois logo percebi que a promotora e a assessora
do juiz estavam totalmente a favor do outro lado, enquanto o juiz permanecia
impassível observando tudo.
Argumentei pesado em
favor do meu cliente, apontando provas documentais e as razões pelas quais ele
não teria condições de continuar arcando com o valor da pensão.
Quase
assumi como dativo de outro caso...
Enquanto discutíamos a
situação a promotora foi na outra sala e voltou dizendo que precisava de um
advogado dativo para o caso que lá acontecia.
Eu quase fui nomeado, mas
como a situação estava complicada na minha audiência e levaria tempo para
resolver ela acabou desistindo.
Suamos,
mas o acordo saiu...
Por duas vezes as partes
quase desistiram do acordo, mas com muita luta conseguimos costurar um acordo
satisfatório para ambas as partes.
Para o meu cliente foi
bom, pois conseguimos reduzir o valor da pensão pela metade.
Recebi meu pagamento e ganhei não só um cliente satisfeito, mas um amigo, pois daí pra frente ele me recomendou pra várias outras pessoas e de vez em quando me traz alguns dos lanches que ele vende (muito bons diga-se de passagem).
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